Orbitopatia tiroideia

A Doença de Graves é uma doença autoimune em que são produzidos anticorpos contra a tiroide e a oftalmologista Nádia Lopes sublinha as consequências que este problema pode ter nos olhos: no decurso desta doença, estes anticorpos podem ter uma ação dirigida contra a gordura e os músculos que se encontram à volta do olho originando então a Orbitopatia Tiroideia.

A Orbitopatia Tiroideia surge em 25% dos casos da Doença de Graves e, clinicamente, caracteriza-se por exoftalmia, ou seja, os olhos vão ficar mais saídos para fora; edema na pálpebra, o olho fica vermelho, e também pode haver retração da pálpebra. Na retração palpebral, os doentes ficam com os olhos mais abertos como se tivessem com o olhar espantado. O doente pode ter queixas de picadas oculares, lacrimejo, intolerância à luz e visão turva.

Se existir envolvimento dos músculos responsáveis pelos movimentos oculares, vai haver um desalinhamento dos olhos, o que vai levar a queixas de visão dupla e dores nos movimentos oculares. Nos casos mais graves, pode haver compressão do nervo responsável pela visão que leva a uma perda severa da visão.

Relativamente aos fatores de risco, um doente que é fumador deve abandonar os hábitos tabágicos pois o tabaco não só vai piorar o quadro clínico como também vai diminuir a resposta a qualquer tipo de tratamento. Outro fator a ter em conta é a disfunção da tiroide, ou seja, quando os valores das hormonas tiroideias não estão dentro do normal, há um aumento de risco de desenvolver esta doença.

Em relação ao diagnóstico, habitualmente baseia-se num exame físico de um doente que já vem diagnosticado com doença da tiroide. Contudo, por vezes as manifestações da Orbitopatia Tiroideia podem anteceder o diagnóstico de doença tiroideia. Nestes casos, devemos solicitar análises de sangue para dosear as hormonas tiroideias, e despistar a presença de anticorpos. A realização de TAC ou de Ressonância Magnética também podem ajudar no diagnóstico.

Quanto ao tratamento, este vai ser muito variável e vai depender da gravidade da doença. Nas formas mais leves vamos realizar o tratamento de acordo com as queixas do doente, por exemplo a instilação de lágrima artificial quando existem queixas de picadas oculares, dormir com a cabeceira elevada no caso de existir edema palpebral, óculos de sol quando há intolerância à luz. Nas formas mais graves com inflamação associada, podemos administrar medicamentos que controlam a ação inflamatória. O tratamento cirúrgico que visa corrigir as alterações palpebrais e os desalinhamentos dos olhos, só é realizada após o controlo da inflamação.

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