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6 Questões, 3 Mitos e 4 depoimentos sobre Glaucoma

O glaucoma não tem cura, mas tem tratamento?

O glaucoma não tem cura, mas sim – tem tratamento. Deste modo, quanto mais precoce for o diagnóstico e o início deste, maior a probabilidade de atingir o objetivo terapêutico: impedir a progressão da doença e assim, evitar a cegueira irreversível.

Existem diferentes tipos de glaucoma. É necessário identificá-los, para uma abordagem personalizada para cada doente.

O tratamento, na maior parte dos casos, assenta na aplicação ocular de colírios, com o objetivo de controlar e reduzir a pressão intra-ocular. Alguns comprimidos podem ter o mesmo efeito e outros podem, eventualmente, ter um papel de proteção neurológica do nervo óptico.

O tratamento com laser está indicado em alguns sub-tipos de glaucoma.

A terapêutica cirúrgica nem sempre é necessária. Mas pode ser imperativa quando não é possível controlar a doença com a utilização de gotas.

Em alguns tipos de glaucoma a cirurgia, pode até ser a primeira opção de tratamento.

Em qualquer dos casos, o tratamento não melhora a visão, não anula os danos que já ocorreram na função e estrutura do nervo óptico, mas impede a progressão desta doença, permitindo, deste modo, que quando instituído atempadamente, o doente preserve a sua visão.

Porque razão se diz que o glaucoma é uma doença silenciosa?

As doenças silenciosas são aquelas que se instalam e desenvolvem na ausência de sintomas, o que leva a uma falsa sensação de segurança e à perceção errada de não existir necessidade de recorrer a cuidados de saúde. Esta combinação resulta frequentemente na progressão destas doenças até estádios avançados, de difícil controlo, com perdas funcionais irreversíveis e impacto negativo na qualidade de vida dos doentes.

O glaucoma é um exemplo deste tipo de doenças. Por vezes denominado de “ladrão silencioso da visão”, nas suas fases iniciais é frequentemente assintomático, os doentes não percebem a perda de visão e, por isso, não procuram por uma avaliação oftalmológica.

É uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo, afeta cerca de 3% da população mundial com idade superior a 50 anos, mas pode surgir em qualquer idade.

O seu caráter silencioso faz com que se instale e progrida sem que tenhamos a oportunidade de o combater. Cerca de 50% das pessoas com glaucoma não têm conhecimento do seu diagnóstico e aproximadamente 90% da cegueira relacionada com o glaucoma seria evitável com tratamento adequado precoce. Quando identificado atempadamente, a perda de visão pode ser evitável.

Quanto mais cedo for diagnosticado, mais cedo podemos interromper a sua progressão, mas a perda de visão já estabelecida não poderá ser revertida.

O glaucoma pode ser mais frequente quando temos um familiar direto com a doença?

Numa grande proporção dos casos, o glaucoma é uma doença hereditária.

Visto que a cegueira causada por glaucoma pode ser prevenida com diagnóstico precoce e tratamento atempado, é importante ter a relação familiar em mente. A probabilidade parece ser maior sobretudo quando quem tem glaucoma são irmãos, mas será também alta para familiares directos, podendo chegar a 10 vezes.

É importante conhecer o historial da sua família, e, caso haja alguém com glaucoma, ser avaliado/a por um oftalmologista. Isto é especialmente importante se a pessoa com glaucoma ficou cega ou fez alguma cirurgia para glaucoma. É também importante que, caso tenha tido um diagnóstico de glaucoma, avise os seus familiares.

No glaucoma, tempo é visão. Por isso é muito importante identificar e tratar o mais cedo possível.

Quando é recomendado o rastreio do glaucoma?

O glaucoma é uma doença com grande impacto a nível da população mundial. Constitui a segunda maior causa de cegueira global e a principal causa mundial de cegueira irreversível.

Vários estudos demonstraram que pelo menos metade dos doentes com glaucoma não estão diagnosticados e que grande parte dos casos é diagnosticado já numa fase avançada da doença. Dada a irreversibilidade das lesões instaladas a nível do nervo óptico, o diagnóstico precoce e um tratamento adequado são fundamentais para atenuar o impacto do glaucoma na qualidade de vida do doente.

O rastreio do glaucoma está recomendado em doentes a partir dos 40 anos de idade ou antes, caso existam factores de risco (hipertensão ocular, raça negra, história familiar de glaucoma, espessura central da córnea reduzida, alta miopia, diabéticos, tratamento prolongado com corticóides), realizado sempre por um médico oftalmologista. O exame oftalmológico destes doentes deve incluir a medição da pressão intraocular, a observação do nervo óptico e a avaliação do ângulo iridocorneano. Muitas vezes complementa-se com a realização de campos visuais, análise estrutural do nervo óptico (OCT) e determinação da espessura da córnea (paquimetria).

O que devo saber sobre glaucoma pediátrico?

O glaucoma pediátrico é raro, mas uma vez que resulta frequentemente em deficiência visual grave, é causador de impacto significativo sobre o desenvolvimento e qualidade de vida das crianças afetadas e das suas famílias. O reconhecimento e diagnóstico precoces são fundamentais para impedir a progressão para estádios mais graves da doença.
Podemos dividir o glaucoma pediátrico em 2 grupos:

  • Glaucoma primário
  • Glaucoma secundário

No glaucoma primário, existe uma anomalia no desenvolvimento do sistema de drenagem do líquido intraocular, que resulta no aumento da pressão intraocular que por sua vez leva à lesão do nervo óptico. Em cerca de 10% dos casos pode ser herdado. Podemos classificá-lo consoante a idade de início e sinais associados, em:

  • Glaucoma congénito primário: quando ocorre desde o nascimento aos 24 meses de vida.
  • Glaucoma pediátrico primário de início tardio: dos 24 meses à puberdade.

O glaucoma congénito primário, devido a uma maior elasticidade dos tecidos oculares nos bebés, apresenta algumas diferenças relativamente ao glaucoma pediátrico primário de início tardio e do adulto. Estes sinais devem ser considerados sinais de alarme de suspeita de glaucoma congénito, e que motivam o encaminhamento para uma observação oftalmológica urgente:

  • Lacrimejo persistente, sem secreção
  • Sensibilidade à luz
  • Córnea grande e opaca
  • Globo ocular aumentado
  • Perda de visão

Estes sinais de alarme são menos evidentes, quanto mais tarde o desenvolvimento da doença.
No caso do glaucoma pediátrico primário de início tardio, semelhante ao glaucoma do adulto, nas fases iniciais não existe nenhum sinal ou sintoma óbvio de glaucoma, podendo culminar com a perda do campo visual e da visão. Não está associado ao aumento de tamanho do globo ocular ou outras anomalias oculares. No entanto, existe habitualmente uma história familiar positiva e no exame oftalmológico, a pressão ocular estará elevada.

O Glaucoma pediátrico secundário pode resultar de doenças oculares, como doença inflamatória, de traumatismo ocular ou do uso de certos medicamentos como corticosteróides. As crianças operadas a catarata têm uma probabilidade elevada de ter glaucoma. Neste grupo inclui-se ainda o glaucoma que surge associado a doenças sistémicas, como as anomalias cromossómicas e genéticas.

Relativamente ao tratamento do glaucoma pediátrico, a opção cirúrgica é muitas vezes a mais adequada, embora tal como nos adultos, os colírios e o LASER possam ter um papel preponderante em muitos casos.

A medicação antidepressiva pode causar ou agravar o glaucoma?

Uma questão bastante frequente em doentes com glaucoma ou seus familiares é a preocupação revelada quando iniciam medicação antidepressiva e leem o folheto dos seus efeitos secundários. Estes fármacos podem desencadear, em casos suscetíveis, glaucoma de ângulo fechado. Essa possibilidade, embora rara, deve ser tida em conta, sobretudo se o doente tiver outros fatores de risco associados para glaucoma de ângulo fechado como hipermetropia elevada ou ser de descendência oriental, por exemplo. O seu oftalmologista, através da realização de um exame indolor chamado gonioscopia, pode determinar qual o risco que apresenta. Caso este seja significativo, existe a possibilidade de, através de um procedimento simples a laser, prevenir o desencadear dessa situação e o doente continuar a sua medicação de forma segura.

3 mitos sobre o glaucoma:

Mito 1 O glaucoma é sempre causado pelo aumento da pressão intraocular do olho.
Embora o aumento da pressão intraocular seja o principal factor de risco, algumas pessoas desenvolvem glaucoma com valores de pressão considerados normais (glaucoma normotensional). Também existem doentes com pressão intraocular elevada que não desenvolvem glaucoma (hipertensão ocular).

Mito 2O glaucoma afecta apenas pessoas idosas.
O risco de desenvolver glaucoma aumenta à medida que envelhecemos e a maioria dos casos de glaucoma está relacionado com a idade. No entanto, esta patologia pode afectar pessoas de todas as idades, até mesmo recém-nascidos (glaucoma congénito).

Mito 3Existe cura para o glaucoma.
O glaucoma não tem cura, mas tem tratamento. Actualmente, a única abordagem terapêutica eficaz é a diminuição da pressão intraocular para valores que estabilizem a evolução da doença, seja através da aplicação de colírios, de tratamento LASER ou cirurgia.

Para que o tratamento do glaucoma seja plenamente eficaz, ele deve ser iniciado antes que ocorram lesões graves do nervo óptico. É por esta razão que um diagnóstico precoce pelo médico oftalmologista é fundamental.

Testemunhos:

Sérgio Costa
Teresa Leandro
Mário Rui Pereira
Ângela Ferreira Santos
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